quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Histórico do meu encontro com a GDC

Pensando retrospectivamente, toda a minha vida foi dedicada a ter um encontro com a GDC - Gestão da Dinâmica do Conhecimento.

Até os 10 anos, vivi como se estivesse hibernando. Eu não aprendi a ler e a escrever satisfatoriamente, embora tivesse entrado na escola na época certa.

No início do primeiro semestre letivo do ano de 1965 tudo mudou. Fui apresentado à Professora Iêda de Araújo Neto como sendo "burro e velho", ao que ela respondeu: "Joãozinho é inteligente, basta ter paciência com ele".

Dona Iêda, como a chamávamos, colocou-me nos trilhos em um ano. A partir daí, ao descobrir a vantagem do conhecimento organizado, fui o primeiro aluno da classe por vários anos. Dona Iêda conhecia, intuitivamente, a GDC aplicada à sala de aula.

Meu interesse por aprender consolidou-se no Ginásio Estadual de Dom Cavati, entre os anos de 1967 a 1971. Aprendi tanto que, sem qualquer preparação adicional, passei no vestibular da então Escola Técnica Federal de Minas Gerais, hoje CEFET, no 15o lugar. Pelo que me lembro, os candidatos eram cerca de 2500.

No Curso Técnico de Química Industrial, entre 1972 e 1975, aprendi a trabalhar de forma organizada. Trabalhei durante o dia e estudei à noite. De maio de 1972 a junho de 1973, ajudei a preparar e a acompanhar as aulas práticas de física no CEFET, para todos os cursos então ministrados ali.

Entre julho e novembro de 1973, tive uma breve experiência no Laboratório de Controle de Qualidade de Massas da CELITE S.A, que produzia louças sanitárias. Entre novembro de 1973 e dezembro de 1980 trabalhei no Laboratório de Tratamento de Minérios da UFMG, auxiliando no ensino, na pesquisa e na extensão.

Simultaneamente, entre agosto de 1977 e novembro de 1980, trabalhei como professor nos Colégios Batista Mineiro e Escola Técnica Vital Brasil, tendo lecionado por alugns meses nos Colégios Arquidiocesano e Santa Maria. Paralelamente, entre os anos 1976 e 1980, fiz o Curso de Graduação em Engenharia de Minas da UFMG.

Até então, eu estava aperfeiçoando a minha capacidade de trabalhar, pesquisar e ensinar. Sobretudo, eu estava aprendendo a aprender, pois fazia tudo com grande autonomia, mesmo quando era supervisionado. Meu gosto pelo conhecimento já estava consolidado, inclusive com a participação de professores do PPGEMM - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalurgica e de Minas da UFMG, em especial o professor Elcio Marques Coelho.

Em 1981 fui admitido como professor do Departamento de Engenharia de Minas da UFMG. Lecionei, pesquisei e fiz o Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Minas, este encerrado no segundo semestre de 1983. Em 1987 publiquei o segundo trabalho brasileiro no IMPC - International Mineral Processing Congress, após 44 anos de existência desse evento, que acontece, ainda hoje, de quatro em quatro anos.

Entre 1981 e 1990, lecionei, pesquisei e prestei serviços a empresas de mineração,entre elas: Minerações Brasileiras Reunidas, Samarco, Vale do Rio Doce, Fosfertil, Arafértil e Serrana.

Em maio de 1986, quando era chefe do Departamento de Engenharia de Minas da UFMG, conheci o trabalho do Professor Vicente Falconi Campos em Gestão pela Qualidade Total. Desde então comecei a estudar o tema.

Em maio de 1990 fui transferido do Departamento de Engenharia de Minas para o Departamento de Engenharia de Produção, especificamente para lecionar gestão, sob a perspectiva da engenharia, e participar do Projeto Qualidade Total, da FCO - Fundação Christiano Ottoni.

A partir de 1990, ajudei a implementar Programas de Qualidade Total em diversas empresas. Liderado pelos professores José Martins de Godoy e Vicente Falconi Campos, aprendi com os japoneses da JUSE - União dos Cientistas e Engenheiros Japoneses, e com profissionais de algumas entre as melhores empresas japonesas.

A partir de 1992 fui incumbido de interpretar o Programa 5S japonês para a realidade brasileira. Produzi materiais didáticos que venderam cerca de 120 mil exemplares. Em abril de 1993, coordenei uma missão de executivos ao Japão com a finalidade de aprender em sala de aula e por meio de visitas às melhores empresas, incluindo a Toyota Motors.

Simultaneamente, enquanto estudava, pesquisava, produzia materiais didáticos e ajudava as empresas a implantar a Gestão pela Qualidade Total, lecionei gestão para todos os Cursos de Graduação em Engenharia de UFMG.

Em 1995 ajudei a criar o PPGEP - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFMG, tendo atuado no mesmo até 2006, lecionando disciplinas ligadas à gestao e orientando nove dissertações de mestrado.

Em 2001 ajudei a criar o Curso de Graduação em Engenharia de Produção da UFMG, tendo lecionado nove disciplinas no mesmo. A última delas foi um Projeto para induzir os alunos à aprendizagem autônoma, sob minha supervisão, da disciplina Tecnologia da Informação Aplicada à Engenharia de Produção.

Fui coordenador do Curso de Engenharia de Produção da UFMG no biênio 2007-2008, quando procurei fazer uma gestão completamente integrada, isto é, apliquei a GDC da forma mais profunda possível compatível com os recursos disponiveis.

Foi essa minha experiência de vida que levou-me a concretizar a ideia de que toda gestão é, em primeiro lugar, uma Gestão da Dinâmica do Conhecimento. Tudo o mais derivando deste conceito.

Entretanto, a GDC não é uma invenção minha. Frederick Taylor deu-lhe antes, o nome de Administração Científica. Einstein expressou-a na forma como concebeu o método que usava para pesquisar. A Toyta Motors aplicou-a de forma integrada no seu STP - Sistema Toyota de Produção.

Eu apenas atualizei o conceito, expressando-o na sua forma mais fundamental. Suponho que ele seja o DNA da gestão, para qualquer atividade conduzida intencionalmente, e que precisa ser dominado por todos que desejam trabalhar melhor, de forma mais produtiva e agradável, individual e coletivamente.

Meu grande interesse, no momento, é aplicar a GDC à educação, seja no sistema formal, seja na preparação de líderes pelo conhecimento nas organizações públicas e privadas.

2 comentários:

Vitor Moita disse...

Professor Joao Martins...parabens pelo seu empenho e luta! Sei o quanto é dificil lutarmos por aquilo que acreditamos...mas também, ainda que os meus passos estejam iniciando numa nova jornada de vida, tenho plena consiciencia da gratificacao que temos quando realmente nos tocamos dos nossos feitos e realizacoes.
Confesso que nao entendia bem a essencia de suas palavras enquanto graduando de engenharia de producao. Na época, acreditava estar envolvido (e até estava em parte) em um mar de disciplinas, provas e pressoes por diploma, profissao e emprego, que nao pude perceber que o verdadeiro aprendizado repassado, era semelhante ao que tinha acompanhado em toda minha vida como estudante. O aprendizado PARA A VIDA. Foi isso que escutei e pratiquei nos colegios fundamental e medio pelo qual passei.
Assim sendo, gostaria de desejar ao senhor, que jamais se deu por vencido por acreditar no que dizia, tudo de bom nessa vida! Que Deus possa lhe proporcionar mais sucessos e realizacoes tal qual à citadas por você mesmo.

Professor João Martins da Silva disse...

Obrigado pelo retorno, Vitor. Com certeza você fará um bom trabalho como profissional e cidadão. Fico muito feliz de ter contribuído para a sua formação. Que o seu sucesso lhe traga também muita felicidade!