sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A leitura estratégica

Raciocinar e ler estrategicamente são habilidades paralelas. Neste artigo apresenta-se um roteiro básico para a leitura estratégica adaptado a partir das recomendações de Adler e Van Doren, autores de Como Ler um Livro. A base de tudo é a habilidade de leitura elementar que se adquire no nível fundamental; mas, os níveis mais avançados são três: o prospectivo, o analítico e o sintópico. O domínio desse nível elevado de leitura prepara o pesquisador capaz de usar a informação existente para criar conhecimento.

O nível prospectivo consiste, basicamente, em se ter uma visão do todo antes de se decidir pela análise detalhada de suas partes. Deve-se primeiramente identificar as fontes primárias, portadoras das informações práticas e teóricas mais relevantes sobre o tema, a partir de autores, profissionais e organizações com credibilidade acima de qualquer suspeita. Feita a relação e classificação preliminar das fontes de informação, passa-se à sua pré-análise. No caso de livros, isso eqüivale a tomar posse da idéia do conjunto, analisando a orelha, o sumário, a introdução, um ou outro parágrafo de cada capítulo, a conclusão, se houver, as referências bibliográficas e o índice remissivo. No caso de artigos, deve-se ler o resumo e a conclusão; valendo a pena, deve-se ler a metodologia e, só então, decidir pela leitura aprofundada. Todo material com algum potencial de uso deve ser completamente identificado, de forma que se possa voltar a ele mais tarde, ou citá-lo de acordo com as normas da ABNT.

A próxima etapa, a da análise, tem o objetivo de se alcançar completo domínio sobre as fontes escolhidas para aprofundamento. Nesta etapa, além de dominar cada argumento e conceito expresso pelo autor, deve-se questioná-lo, destacando as dúvidas que não foram esclarecidas. Como resultado final da leitura, além dos materiais isolados do texto para citação posterior, recomenda-se reinterpretar o conteúdo, seja fazendo um diagrama e/ou um texto sintético, agora sob a perspectiva do leitor. Para citações posteriores é preciso que esteja claro quando se faz referência direta ao material do autor lido, na íntegra, geralmente por meio de citações entre aspas, ou quando se faz a interpretação desse material.

O último e mais avançado nível de leitura foi chamado de sintópico, por Adler e Van Doren. Consiste em comparar várias fontes de informação sobre o mesmo assunto, identificando com clareza no que diferem e no que estão de acordo. O resultado final desta leitura deve ser uma reinterpretação do tema abordado, por meio de conceitos, esquemas, tabelas comparativas e textos que contenham o que há em comum entre as diversas fontes, bem como o que há de diferente entre elas. Ao fazer isto, reinterpreta-se o assunto sob uma perspectiva que pode ser melhor, mais clara e mais profunda do que o trabalho de cada autor em particular, às vezes impondo-se aos autores uma terminologia que nenhum deles usou, mas com a qual todos concordariam. Assim, a informação sobre o assunto é reorganizada, criando-se a possibilidade de, por meio de experimentos reais, recriar o conhecimento sobre o tema conjugando-se a imitação, o aperfeiçoamento e a inovação. Não se pode esquecer de que o ciclo completo da dinâmica do conhecimento envolve: ideação, experimentação, sistematização, o operação e contínuo questionamento sobre meios e resultados.

Um comentário:

Débora de Aguiar disse...

O texto apresentado nos ensina que a leitura feita em três níveis que são o prospectivo onde teremos uma idéia de que se trata o texto; o segundo nível é onde iremos analisar e questionar e a terceira etapa podemos comparar várias fontes de informação sobre o mesmo tema, selecionando o que está de acordo e o que é diferente. Esta estratégia de leitura capacita o leitor a transformar a informação que foi lida em conhecimento; e o conhecimento assimilado pode gerar ações para transformar a realidade e o mundo.